quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Pré-temporada

A alguns posts atrás, mais exatamente aqui (http://surfandonosaibro.blogspot.com/2008/09/thomaz-bellucci.html), falamos sobre o calendário escolhido por Thomaz Bellucci para o final de temporada. Fui enfático ao dizer que aprovava suas aventuras por ATP’s de quadras duras, mesmo sabendo que resultados positivos seriam complicados de aparecer.

Muito me surpreendeu (e decepcionou) a presença de Bellucci no Masters da Copa Petrobras, que está sendo realizado em Santiago. Mesmo sabendo que o evento é patrocinado pela Koch Tavares, que agencia a carreira do paulista, não dá para entender qual seria o ponto positivo dessa participação, visto que seu treinador, Leonardo Azevedo, havia afirmado que terminaria o ano cedo para fazer uma boa e longa pré-temporada para 2009.

Aqui abro um parêntese para falar um pouco de periodização de treinamento. Tentarei ser breve, mas é importante saber alguns detalhes. Antigamente, na década de 60, o então soviético Lev Paviloviti Matveiev, lançou um modelo de periodização de treinamento para os atletas olímpicos da extinta União Soviética. Esse modelo busca um ou dois picos de performance por temporada.

Obviamente esse modelo ficou no passado, visto que qualquer atleta dos dias atuais tem muito mais que uma ou duas competições importantes por temporada.

Não temos os dados dos principais tenistas, mas por pura observação ao longo dos anos, podemos dizer que Roger Federer, por exemplo, tem picos no Australian Open, em Roland Garros / Wimbledon (são muito próximos), no US Open e na Masters Cup. Reparem que seus resultados nos Masters Series de quadra dura no início do ano (entre AO e RG) são bem piores do que no meio do ano, em Cincinnatti e no Canadá, que são pouco antes do US Open. Já em Madrid e Paris seus resultados também ficam abaixo.

Nadal, por exemplo, joga incrivelmente bem da temporada de saibro até Wimbledon. Nalbandian tem seus melhores resultados no final do ano e por aí vai.

Como se monta uma periodização de treinamento nos moldes atuais? O primeiro passo é criar um macro-ciclo de treinamento (normalmente uma temporada). Depois disso, seleciona-se quais são os momentos onde o atleta deve estar no topo da performance. Feito isso, divide-se o macro-ciclo em meso-ciclos com objetivos definidos (cada meso-ciclo culmina com um pico de performance). Após definir esses parâmetros, monta-se um micro-ciclo semanal de trabalho onde cada semana tem um objetivo a ser alançado.

Explicado isso, Eu vou sugerir um calendário que acho ideal para Bellucci em 2009. Longe de querer criticar diretamente sua equipe de trabalho, mas ao meu ver, seria um modo diferente de se encarar essa fase de transição que o paulista vai passar.

Thomaz jogou o challenger de Buenos Aires sendo eliminado dia 24 de outubro. Daí, seriam duas semanas de férias totais do tênis, até dia 8. Ou seja, ir a Santiago somente para curtir a noite em Vitacura, no Las Urracas.

De 10 a 29 de novembro entraria a fase basal, onde Thomaz deveria treinar a parte física, dando ênfase à valência de agilidade, algo que ele tem maior dificuldade, além de claro, treinar força, resistência e potência. Não vou entrar em detalhes de como fazer esse trabalho, mas tem uns bons vídeos no blog do argentino Martin Vassallo-Arguello.

As três primeiras semanas de dezembro, até dia 20, seriam dedicadas a um trabalho técnico-tático, que no começo obviamente ficaria prejudicado pela carga alta de trabalho das semanas anteriores.

A partir daí, duas semanas de polimento e estréia no Aberto de São Paulo, onde acho que seria a melhor opção para início de temporada visando o Australian Open.

Ah, os picos de performance na temporada...

Para um jogador em fase de transição é complicado fazer um planejamento de um ano. Eu faria de seis meses. O primeiro pico seria na Gira sul-americana de saibro e o segundo em Roland Garros.

Bem, desculpem o texto longo. Fica aí a sugestão para a equipe de Thomaz.

Um comentário:

thedanishboy disse...

Volnandes, acabou de sair na tenisbrasil:

Bellucci encerra sua parceria com o técnico Léo Azevedo

http://www2.uol.com.br/tenisbrasil/diaadia/ult138u38370.htm

[...]"Evidentemente chateado, Léo Azevedo contou que a decisão foi de Bellucci e não conseguiu explicar o porquê dela. 'Nós não trabalhamos mais juntos. O nosso contrato terminava agora em novembro. Fiz a minha proposta para ele, e hoje mesmo ele me comunicou que não íamos mais ficar juntos', disse.

Técnico de Bellucci há pelo menos 13 meses, Léo Azevedo admite que recebeu a notícia com muita surpresa, já que esperava renovar o contrato com o tenista. 'Claro que a gente nunca sabe o que se passa na cabeça de outra pessoa, mas quando você acha que o trabalho tem sido bem-feito você espera ele que seja valorizado'." [...]

Será q o relacionamento não era bom, o Bellucci acha q o cara não é competente p/ levá-lo adiante ou simplesmente tá passando por um momento "diva"?
Abs,

Sérgio.