domingo, 9 de novembro de 2008

Top-spin. Sim ou não?

Essa semana um aluno me fez uma pergunta que é bastante interessante. Logo na primeira aula ele disse: Volnandes, você vai me ensinar a bater com top-spin?

Respondi que sim, mas que não naquele momento, que mais importante do que bater com top-spin é bater na bola. Ele adorou, pois me disse que tinha saído das aulas de tênis pois o professor anterior dele tanto insistia com o top-spin que ele se irritou.

Acho isso um ponto bastante importante no ensino de tênis. O primeiro objetivo de quem vai fazer aula é BRINCAR. E não tem como se divertir se você não consegue acertar a bola.

Minha estratégia de ensino baseia-se totalmente nisso. 90% dos meus alunos saem da minha aula jogando tênis. Obviamente não com as regras do jogo, mas conseguem trocar algumas bolas comigo.

Como? Obviamente não com toda a técnica desejada, mas com certeza com um belo sorriso no rosto. E, felizes por conseguirem, voltam na aula seguinte.

Daí sim começamos a tentar consertar os erros. Raquete do lado do corpo, perna na frente, giro de quadril, terminação. Mas, mais importante que tudo isso, bola nas cordas da raquete. Top-spin? Nem falo do que se trata para os iniciantes.

Lembrem-se, mais importante do que bater com efeito é bater pro outro lado e se divertir.

2 comentários:

thedanishboy disse...

Penso q um professor deva dar aos seus alunos todas as ferramentas para que ele se sinta confortável ao praticar o esporte. A diversão é um elemento fundamental da prática do tennis, mas creio q ela não deva estar acima, em última instância, do q poderia chamar, na falta de um melhor termo, de "segurança". O tennis é um esporte de alto impacto, então é necessário que o aluno tenha a oportunidade de conhecer fundamentos que tornem a sua prática menos danosa ao seu corpo. Isso é um tanto diferente de um certo catecismo fundamentalista q é ensinado em algumas academias, especialmente aquelas ortodoxamente filiadas a um determinada escola, como a americana ou a americana. Existem muitas maneiras p/ se jogar tennis, e quantas mais se tiver acesso, maiores as chances de um praticante conseguir atingir objetivos mínimos, até mesmo passar a bola para o outro lado da rede com segurança. Mas isso também não significa dar uma enxurrada de teoria para o aluno; cada coisa tem o seu tempo, cada informação possui um grau de dificuldade de compreensão distinto, assim como as capacidades de coordenação entre corpo e mente de cada jogador é diferente. A pessoa deve estar, ao mesmo tempo, em condições de tomar decisões técnicas a cada jogada, ter fluidez, naturalidade e segurança para executá-la (quase como se, quase que contraditoriamente, não estivesse pensando) e conseguir fazê-lo de forma prazerosa. Acho que estes são elementos básicos p/ q evitemos o costume problemático de alguns, especialmente dos mais jovens, de achar que o movimento de tal jogador é necessariamente superior ao outro (como se todos tivéssemos corpos idênticos) e que portanto cabe ao professor moldá-lo p/ que se transforme num neo-Federer ou num mini-Nadal. O q sempre me preocupo qdo vou tentar ensinar meus amigos a jogar é tornar aquela experiência ao mesmo tempo agradável, intensa e instrutiva. Melhor ainda quando é coletiva; o tennis é um esporte que pode nos ensinar mtos valores, e é um equívoco pensá-lo de um ponto de vista competitivo e/ou individualista. Ele é uma experiência de sociabilidade.
Abs,

Sérgio.

Ps: sobre a questão de um movimento de um tenista ser "melhor" do q o outro, me parece ser hilariamente didática a série de vídeos de imitação de um tenista universitário espanhol radicado nos EUA. Os vídeos são estes:
http://www.youtube.com/watch?v=81C-CX-Rqoc&NR=1
http://www.youtube.com/watch?v=HVLaRlN2OTk&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=-axkRse79h4&feature=related. Estas do Bjorkman tb são boas: http://www.youtube.com/watch?v=HRjLaL7XFYc

Apesar de a arte da imitação quase sempre primar pelo exagero das expressões mais óbvias do imitado, a minha sensação após ver os vídeos é a de que os grandes tenistas são figuras "não-sobrehumanas". São, como nós, criaturas esquisitas, no melhor sentido do termo, isto é, com identidade própria, nem superior, nem inferior às outras. É importante termos o saque do Roddick, o slice do Federer, o topspin do Nadal ou a esquerda do Guga como referências, mas é necessário desmistificar a idéia de que só é possível jogar tennis adequadamente a partir desses parâmetros.

Volnandes Pereira disse...

Falar em Roddick, essa semana, na série fotos, o saque do americano para vc, Sergio.