sábado, 4 de outubro de 2008

Marcos Daniel

Marcos Daniel conquistou semana passada pela quinta vez um torneio Challenger em Bogotá, na Colômbia. O brasileiro tem um desempenho impressionante no país, onde na semana anterior conquistou também o challenger de Cali.

A história de Marcos Daniel é bastante interessante. Ele é contemporâneo de Gustavo Kuerten, o Guga, tendo conquistado seu primeiro ponto em 95, com apenas 17 anos. Porém, só conseguiu furar o top 300 brevemente em 2000 e se firmou como um dos 300 melhores do mundo em 2001, com 23 anos. Figurou entre o 155 e 250 do mundo até 2004, quando um fato mudou sua carreira.

Os principais jogadores do país (Gustavo Kuerten, Flávio Saretta, Ricardo Mello e André Sá) boicotaram a Copa Davis em 2004, por não concordar com a dirigência da Confederação Brasileira de Tênis, então comandada por Nelson Nastás. Para o encontro com o Paraguai, foram então convocados Marcos Daniel, Júlio Silva, Alexandre Simoni e Josh Goffi. Por ter aceitado a convocação, Marcos Daniel entrou em confronto com a cúpula da nova diretoria da CBT e foi esquecido em algumas convocações futuras.

Algum tempo depois o gaúcho de Passo Fundo, que é primo do árbitro de futebol Carlos Eugênio Simon, afirmou que só aceitou a convocação pois estava sem dinheiro para continuar a carreira e já estava pensando em se aposentar e passar a dar aula para se sustentar. No Pan de 2007, inclusive, recebia tênis de Flávio Saretta, visto que estava sem patrocinador.

Se é verdade ou não que ele realmente iria parar, ninguém pode dizer, mas atualmente Marcos Daniel já acumula 770 mil dólares em premiação na carreira e, conforme observamos na Copa Davis em Sorocaba, seus pais desfilam de Audi.

Um dos maiores méritos de Daniel é sempre ter a noção de que seu tênis depende muito mais de trabalho do que do seu talento. Sua escolha de calendários é baseada em Challenger's e ATP's mais fracos, aonde consegue valiosos pontos para conseguir se manter entre os 100 melhores do mundo e garantir vaga nos Grand Slams, quando uma primeira rodada vale cerca de 20 mil dólares e uma eventual segunda rodada 30 mil.

5 comentários:

BRuno disse...

"...Sua escolha de calendários é baseada em Challenger's e ATP's mais fracos, aonde consegue valiosos pontos para conseguir se manter entre os 100 melhores do mundo e garantir vaga nos Grand Slams, quando uma primeira rodada vale cerca de 20 mil dólares e uma eventual segunda rodada 30 mil. "


ou seja, é baseada no dinheiro e nunca nos resultados é isso?

Thieletenis disse...

exatamente ate pq ele sabe o nivel dele.
Outro fato q o próprio marcos daniel me disse foi q qnd ele foi jogar o qualy do australian open em 2003 ele pediu emprestimo ao banco para poder viajar, no fim ele conseguiu passar o qualy e na primeira rodada ele pegou o australiano perdendo no quinto set ali ele disse q foi o momento q mais repensou na carreira pos voltou do australian devendo o banco.

Volnandes Pereira disse...

Bruno,

Resultados e dinheiro andam lado a lado. Jogar os 4 Grand Slam significa cerca de 160 mil reais na conta no final do ano, o que dá em média 13 mil por mês.

Para alguém que sabe que o talento não permite vôos muito alto, é um emprego bastante lucrativo.

E nisso Marcos Daniel pode se orgulhar de ser um dos melhores.

thedanishboy disse...

Volnandes, acho que a história do Marcos Daniel faz levantar, ao menos p/ mim, a velha (mas importante) questão do "talento versus trabalho". Em outras palavras, trata-se daquela discussão: para se jogar em alto nível, é preciso ser genial ou ralar muito também adianta? E, para ir mais adiante, ao cerne do problema: será mesmo que existe algo chamado dom, genialidade? Me pergunto por isso exatamente nesse caso q vc expôs onde, para mtos, o gaúcho é um exemplo de tenista "sem toque divino" q conseguiu, c/ mto suor e aos trancos e barrancos, "chegar lá" (ainda q mtos o culpem por vencer só challenger e disputar pequenos atps). Eu, q não acredito em diferenças fundamentais a priori entre os seres humanos, penso, sim, q o Daniel é grande, e não foi mais longe em sua carreira pela crônica falta de oportunidades q é patente na história do tennis brasileiro. Fazer o q ele fez e faz é realmente mto, mto difícil. Hj, c/ mais de trinta anos, falta-lhe o ímpeto para tentar atuações mais ousadas, ao mesmo tempo em q as responsabilidades familiares se avolumam. Em resumo, penso q, diante de todas as adversidades q enfrentou, ele está correto em suas opções. Nós, brasileiros, estamos mto mal acostumados por causa da tremenda exuberância do jogo do Guga. Ao invés de ficarmos criticando "promessas não cumpridas", deveríamos nos mobilizar para que uma estrutura decente fosse montada em todos os níveis: para q o tennis fosse um elemento efetivo do convívio social, para que ele democratizasse e estivesse presente nos espaços públicos, como cultura; para que aqueles que quisessem ter o tennis como ofício não tivessem que matar leões diários para fazê-lo.
Abs,

Sérgio.

BRuno disse...

Volnandes,

ok, então ele é um tenista que visa apenas a premiação em dinheiro, seu ranking é meramente ilustrativo já que os pontos dele são de challengers e futures de baixa dificuldade.

Ou seja, no papel ele é o 1º brasil, mas na pratica está longe disso certo?