domingo, 15 de fevereiro de 2009

Se eu fosse técnico do Federer...

Começaria, logo de cara, com uma afirmação seguida de uma pergunta.
Ok, Roger, você venceu 13 Slams, 14 Masters Series, 4 Masters Cup, fechou 4 anos como número 1. Já venceu muito. Mas exatamente, o que tu procuras atualmente?
Aqui dou possíveis alternativas para o suíço:
a) vencer Roland Garros
b) superar Sampras em Slams
c) voltar a ser número 1
d) acabar com a pecha de freguês do Nadal
Notem que talvez (talvez!) apenas a alternativa "b" não envolva Rafael Nadal. Sinceramente, por mais que o espanhol esteja extremamente regular em todos os pisos, algo que não ocorria antes de 2008, quando o espanhol perdia com frequência nas quartas de torneios em pisos duros, dificilmente Nadal terá a mesma constância do suíço nos Slams, sobretudo no Aus Open e no US Open. Aí, Federer tem de fazer sua parte, chegar na final e vencer o outro adversário. Quando eu digo "fazer sua parte", quero afirmar que o suíço deve fazer exatamente o que tem feito: jogar sem técnico, confiar na sua técnica...
Se a resposta do suíço for outra que não "b", aí estamos diante de muita coisa a fazer.
Para voltar a ser número 1, Federer precisaria se dedicar muito mais do que fez em 2008 aos torneios Masters 1000. Perder para Karlovic em Cincinnati? Nem pensar. Parar no primeiro jogo no Canadá? Também não. Ele passou a encarar os Masters como meros testes para os Slams. Entendo que, depois de tantos anos no circuito e tantos anos sendo a vidraça, a motivação não é mais a mesma para todos os torneios. Nem Nadal, quando tiver a idade do Federer atualmente, vai ter o tesão que tem por jogar Roterdam ou Barcelona, por exemplo. Além disso, é nos Masters que Federer vai adquirir confiança para enfrentar "os outros que incomodam", como Murray e Simon, coisa que irá lhe ajudar para um Slam em que Nadal não esteja.
Como Federer e Nadal só deixarão de se enfrentar em finais de torneios grandes se não forem mais os dois primeiros do ranking, o suíço, ao começar a vencer Nadal, iria provavelmente somar alguns Slams, por consequência superaria Sampras, se aproximaria de voltar a ser número 1...aí está a importância de vencer Nadal para o suíço, porque ele sabe que certamente seria num cenário importante.
Agora, se a resposta for vencer Roland Garros, temos o maior dos problemas. Além de torcer por ajudinha divina por uma lesão do espanhol ou alguém muito inspirado cruzando no caminho, não restam muitas alternativas. Me parece que a final de 2008 não refletiu a distância entre os dois no piso lento, que não é tão grande assim. O problema do suíço é que, quando a coisa aperta, Nadal cresce quando enfrenta o suíço. E isso tem sido regra quase com valor de dogma quando os dois se enfrentam, independentemente do piso.
Resumindo: se eu fosse técnico dele, inevitavelmente teríamos que estudar muito o jogo do Nadal. Curioso como as coisas estão: um jogador do calibre do Federer, chegando próximo da consagração como atleta, está ao mesmo tempo em uma encruzilhada.
Futuramente coloco no blog o que o Federer teria de fazer, na minha opinião, para bater o espanhol.

3 comentários:

Volnandes Pereira disse...

Muito bom, Tulio.

Texto muito bem escrito, que me fez ler sem retirar.

Vc que viu o cara treinando e jogando in loco, pode nos dizer o qto ele se preocupa com Nadal no seu dia a dia.

Volnandes Pereira disse...

ler sem respirar!!!

Túlio disse...

Volandes, infelizmente não consegui pegar um dia de treino do Federer (aliás, nem do Nadal nem do Djokovic) porque eles ficavam em quadras mais separadas, tentando ficar mais distantes do barulho, dos flashes e dos autógrafos.

Eu tive sim (aí me deu uma coceira enorme de ir falar o que eu acho que o suíço deve fazer, hehehe) a oportunidade de ver o Higueras, junto com o Todd Martin, assistindo ao jogo do agora famoso Grigor Dimitrov (se não me engano era quartas, contra um americano). Isso que eu já tinha visto o Higueras num outro jogo do juvenil do US Open.

Eu almocei bastante no clube do US Open (junto com os ingressos dá pra comprar um pacote para ter acesso nos almoços e jantas desse clube, porque com hamburguer e batata frita saco nenhum para em pé...) e pensei que veria os caras por lá, mas infelizmente não. Acho que deve ter um anexo só para os jogadores e os credenciados...

Naquele torneio dava pra ver que o Federer estava com vontade de provar muita coisa. Ele vindo de duas das piores derrotas da carreira, final de RG e Wimbledon, mais derrota nas Olímpiadas pro Blake, pro Simon e Karlovic logo no início dos torneios....ele estava com a intensidade que tinha antes de virar número 1, aquela briga interna que ele tinha consigo mesmo estava de volta. Bom que ele conseguiu resolver esse conflito jogando tênis, e não destruindo raquetes, como outros por aí fazem. Escolhi o torneio certo...