quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Regulariade

Essa é talvez a palavra mais importante no tênis. Para os iniciantes e intermediários, sempre, eu disse sempre, determina o vencedor de uma partida. Para os avançados, em boa parte das vezes também. Já entre os profissionais, cada vez mais isso também se torna uma regra.

O que justifica aquele senhor que joga aos domingos, batendo só de slice, da forma mais feia possível, vencer aquele outro que faz aula duas vezes por semana, tem excelentes golpes? A regularidade. Não adianta ter excelentes golpes se você só coloca 50% deles em quadra. O excelente golpe só vai ser vir quando ele funcionar sempre. Quando fizer parte do seu jogo, quando for regular.

Tenho dois alunos que são excelentes exemplos a serem citados. Um tem 14 anos e uma paralela de direita que dá gosto ver. O outro tem 19 e um saque que é praticamente impossível de devolver. Quem vê os dois batendo se impressiona e logo diz que jogam demais.

O grande problema é que a tal paralela entre uma vez a cada quatro tentativas e o ace vem sucedido de duas duplas-faltas. Resumindo, tenho alunos que são bem menos talentosos que os dois, mas sempre acabam vencendo, por serem extremamente regulares.

E como resolver isso? Jogo, muito jogo. Aulas com situação de jogo sempre, "punindo" o erro. Nunca fazer drills só por fazer, ter sempre um sentido competitivo neles.

Aí entra um tópico que comentei lá no início do blog. As aulas em grupo. Como vocês sabem, sou defensor delas, mas aplicadas de forma correta. Esses dois alunos são oriundos de locais onde faziam aula em grupo. Só que ao invés de situações de jogo eram expostos aquelas intermináveis filas, onde entravam, batiam duas bolas e esperavam dois minutos pra bater de novo. Dessa forma, até criaram bons golpes, mas nunca serão regulares.

E como fazer uma aula em grupo ter situações de jogo? Simples, vou contar um exemplo que aconteceu comigo ontem:

Depois de um interminável período de chuvas aqui no Rio de Janeiro, abriu finalmente um belo sol. Meus alunos de sete horas da manhã, que sabem que gosto de dar aulas pra muita gente e sabem também que podem ter mais tempo de quadra pagando menos desde que aceitem que um entre na aula do outro, resolveram aparecer todos juntos. Na verdade não foram todos, foram cinco.

Como fazer com que cinco pessoas que batem relativamente bem consigam jogar, se divertir e aprender ao mesmo tempo?

Simples, dividi em dois grupos, um de dois e outro de três. O lado com dois alunos sempre ficava com os dois em quadra. Já o com três jogava um de cada vez. E a partir daí fizemos vários exercícios onde o objetivo era que aquele que estivesse sozinho tivesse regularidade.

No primeiro exercício ele tinha que bater só na paralela, depois defender um smash para começar o ponto, depois uma esquerda rasante, uma bola aleatória e assim por diante. Ganhava o ponto, continuava em quadra, perdia saía. Perdia uma seqüência grande, ia para o lado com dois.

Resumo da aula: Todos saíram cansados, satisfeitos e muito mais regulares do que chegaram. O risco com que jogaram foi menor, pois um erro fazia sair.

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