quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O Futuro do tênis no Brasil

Outro dia recebemos a notícia que a CBT tinha fechado um contrato de patrocínio com os Correios nos moldes que a CBV tem com o Banco do Brasil e que o tênis seria o novo vôlei, etc e tal. Alto lá. Não é bem assim.

Muitas coisas estão erradas na gestão do tênis nacional. E um mês após a tal parceria esses "pequenos detalhes" continuam muito errados. Onde está sendo feito o investimento? Ah, Thomas Bellucci, Marcos Daniel, Thiago Alves entre outros estão recebendo ajuda para custear passagens para jogar ATP's e Challenger's no exterior. Bem, isso é importante? Sim, apesar de atualmente Bellucci e Daniel terem condições totais de custear suas viagens, até porque possuem patrocinadores próprios para isso.

Atualmente o Brasil é um dos países que mais estão organizando futures. Isso é importante? Sim, também é, principalmente se a CBT ajudar na transição entre os futures e challengers, assim como é fundamental o apoio na transição entre o juvenil e o profissional. Mas isso ainda não é o local onde a alocação de verbas deve ser feita.

Um esporte, seja qual for ele, só se torna popular quando o público em geral se interessa por ele. Vamos lembrar que o tênis é um esporte "difícil" para o público leigo. A contagem de 15, 30 e 40, com toda sua tradição, é de difícil entendimento.

Para que exista essa popularização, o primeiro passo seria baratear o esporte. É inadimissível que um tubo de bolas custe mais de 15 reais. Eu, como professor, pago, aqui no Rio, comprando uma caixa de bolas, 9 reais por tubo. Quando algum aluno ou amigo vai aos Estados Unidos, peço pra trazer o máximo de tubos possíveis. Sabem quanto custa? Menos de 2 dólares. Ou seja, para o público em geral as bolas custam 400% a mais por aqui.

Baratear o custo do tênis passa também pela oferta de locais para prática. Pouco adianta construir quadras públicas. Isso é tratar a consequência e não a causa. Alguém deixa de ver crianças chutando uma bola na rua por falta de campos adequados?

A solução parte da criação de uma cultura tenística, que começa pelas escolas, que é o tal local para a prática do parágrafo acima. A CBT tem um projeto para isso, o que é uma boa notícia. Mas falta nesse caso o mais importante. A formação do profissional que vai tocar esse projeto.

Tenho dois professores trabalhando comigo, ambos se formando em Educação Física. Fiz, a alguns anos, na época de Kirmayr e Daniel Rosenbaum, o curso de capacitação da CBT e, surpresa, não era obrigatório ser profissional de Educação Física para tal. Tudo bem que a lei está sendo adaptada aos poucos, mas é fundamental o investimento da CBT junto às universidades para criar profissionais qualificados, que, sinceramente, são pouquíssimos no atual cenário. Como professor ouço histórias do arco da velha de outros "profissionais".

Isso dá muito pano para discussão, mas, eu, com essa verba nas mãos, ia de faculdade em faculdade selecionando profissionais para trabalhar com tênis e convocava os que estão no mercado para tocar esses projetos. Convocava. E não, como é feito hoje em dia, cobrava taxas absurdas para seus cursos.

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